sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

América x Sport, o centenário Clássico dos Campeões

O 'Campeão do Centenário' e o maior campeão pernambucano. América Futebol Clube e Sport Club do Recife, antigos rivais, instituições do Clássico dos Campeões. Em 2018, o Campeonato Pernambucano traz pelo menos mais um jogo dessa centenária história, resgatando memórias de um clássico recheado de rivalidade, goleadas e lutas por títulos estaduais.

Último encontro dos clubes foi em 2016, no Arruda com goleada por 4 a 0 do Leão da Ilha.
Foto: Williams Aguiar/Sport Club do Recife

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O derby é mais antigo que o Clássico da Técnica e Disciplina (América x Náutico) e que o tradicional Clássico das Emoções (Náutico x Santa Cruz). Seu primeiro jogo foi no dia 09/04/1916, no campo British Club, quando o Mequinha venceu o Maior do Nordeste por 3 a 2. O primeiro jogo pelo estadual foi em 1918, há quase 100 anos. O América fez 6 a 1 no Sport, uma goleada história pro Periquito recifense. O clássico tem a alcunha 'dos Campeões', pelo sucesso de ambos nos anos 20, quando os clubes eram os maiores campeões estaduais. Em 7 edições, de 1916 à 1922, juntos somavam 7 títulos, inclusive, o América até hoje é o único clube que já obteve mais títulos que o Sport desde sua estréia no estadual, quando em 1922 sagrou-se campeão, ficando com 4 títulos contra 3 do Leão, feito que nem mesmo os grandes Náutico e Santa Cruz alcançaram. América x Sport até os anos 30, também eram os principais clubes do estado e esse foi o primeiro clássico com grande prestigio em Pernambuco, muito por isso, o Sport é o maior rival histórico do clube esmeraldino.

Time do América que goleou o Sport de Mazzulo.
Foto: Reprodução/Blog do Mequinha
Curiosidades, jogaços e rivalidades nunca faltaram no rico conteúdo do clássico. Em 1918, os quatro grandes de Recife sonhavam com o título. O Sport lutava pelo tri e o América, favorito junto ao rival, tinha o time a ser batido, fato esse que fez o rubro negro buscar jogadores no eixo Rio-São Paulo para ter um elenco com fortaleza superior ao do alviverde. Por já terem disputado torneios estaduais dos estados sulistas, os craques não podiam transferirem-se para o Sport, assim mandava a regra na ocasião, mas isso não intimidou o Sport, que foi até o mercado uruguaio e buscou o atacante Pedro Mazzulo. O regulamento dizia que para jogar especificamente contra o América, o atleta precisaria chegar ao Recife por pelo menos 60 dias antes da partida. O Sport não mediu esforços, o uruguaio partiu do país natal em 13 de maio (aniversário do clube) e chegou ao Rio de Janeiro no dia 17, no mesmo dia viajou para o Nordeste e chegou no dia 21 à Maceió. O clube leonino mandou o navio queimar à carvão, para acelerar a sua chegada, pois na época, os navios queimavam apenas à lenha, num processo mais lento.
Para atuar contra o América, a estrela teria que chegar ao Recife exatamente no dia que colocou os pés em Alagoas. Os dirigentes do Sport com toda obsessão possível, alugaram o automóvel da Great Western, qual era mais rápido que o trem. Enfim, Mazullo chegou à Veneza Brasileira, foi regularizado e atuou na partida, onde sua presença pouco fez diferença pro placar: 6 a 1 pro gigante time americano.

Em 1922, completava-se 100 anos da Independência da República e o América venceu o Campeonato Pernambucano daquela temporada, assim ficou conhecido como 'Campeão do Centenário'. A 1° rodada teve América e Sport se enfrentando, numa tarde de muita chuva, que fez com que a partida fosse encerrada à 8 minutos do fim, com o alviverde vencendo por 2 a 1. Emoção não faltou, inclusive com torcedores exaltados, com a rivalidade já em alta. O site SuperEsportes traz a retratação do Diário de Pernambuco sobre os casos: “A exaltação chegou ao ponto de influir para que em mais de uma vez o jogo fosse interrompido” e “Somos da opinião que a Liga deve tomar desde logo as mais enérgicas providências a fim de que para o futuro não tenhamos os dissabores de registrar fatos que só poderão concorrer para o descrédito do nosso meio desportivo”. A partida teve fim apenas no dia 19 de novembro, quanto todas as rodadas já haviam sido disputadas. O Sport precisava do empate e o América tentava segurar a vitória nos 8 minutos que restavam, o que aconteceu e o Mequinha sagrava-se tetra-campeão, ultrapassando o Leão em títulos.

Zé Tasso, um dos mais vencedores de PE.
Foto:  Reprodução/Vozes da Zona Norte
Em 1923, o América conquistou o Troféu Nordeste, primeiro campeonato regional da história do futebol nordestino. Na final venceu o CSA, mas antes, goleou o Sport por 6 a 2 na semifinal. Esse foi mais um ingrediente para o time da Estrada do Arraial ser o maior clube de Pernambuco na ocasião e alavancar a rivalidade com o Sport.
Em dois anos, ultrapassou o número de títulos estaduais e venceu o regional, goleando o Leão da Ilha na semi. Ainda em 23, o Sport conquistaria o Campeonato Pernambucano, voltava a reinar e em 1949, pela temporada do ano anterior, fez a única final contra o América na história. Em dois jogos, venceu por 3 a 0 e 2 a 0, garantindo seu 12° título e resgatando o poder sobre os americanos.

Alguns ídolos e ícones do futebol passaram por América e Sport, como Zé Tasso, um dos maiores artilheiros e ídolos da história americana, que venceu 4 estaduais, 1 Torneio Inicio e o Troféu Nordeste e que também venceu o Campeonato Pernambucano pelo time da Ilha, em 1938. Campeão das Copas do Mundo em 1958 e 1962, o também atacante e falecido Vavá, passou pelas bases de América e Sport. Na história recente, o atacante Carlinhos Bala é mais um que deixou sua marca por ambos clubes. No Sport, ganhou títulos relevantes. No América, não conseguiu títulos, mas ajudou a colocar o alviverde do Recife no Campeonato Brasileiro da Série D por dois anos.

HISTÓRICO DE JOGOS: Foram até aqui, 290 jogos em toda história.

Vitórias do América: 55
Vitórias do Sport: 195
Empates: 43
2 jogos com resultados desconhecidos*

(*) Dado do blog Esportes por Cassio Zirpoli

Último jogo: 19/03/2016 - América 0 x 4 Sport, no Arruda, pelo Campeonato Pernambucano 2016. Gols de: Durval 1', Túlio de Melo 53', Oswaldo Henríquez 67' e Serginho 70'.

Próximo embate: 18/02/2018 - Sport x América, na Ilha do Retiro, às 17h00, pelo Campeonato Pernambucano 2018.

FINAIS E PONTOS CORRIDOS DECISIVOS NO CAMPEONATO PERNAMBUCANO 

Campeão da edição, o Sport realiza o Clássico dos Campeões pelo estadual em 1958.
Foto: Reprodução/Blog do Mequinha

1919: No único confronto entre as equipes, o Sport venceu por 2 a 0, mas não conseguiu superar o América nos pontos corridos, que igualou o feito rubro negro, sendo bi-campeão estadual.

1922: Primeiro clube do estado a ser bi-campeão pernambucano por duas oportunidades, o América terminou com 12 pontos, 1 a mais que o maior rival, no lendário campeonato.

1923: Assim como o ano anterior, o título foi decidido por 1 ponto e com ambas equipes se sobressaindo diante de todas outras. O Leão venceu o Periquito por 2 a 1 e 3 a 2, placares essenciais pra chegar à 24 pontos e sagrar-se campeão.

1924: O Sport foi campeão antecipado. No inicio do torneio, venceu o Mequinha por 3 a 1, mas faltando dois jogos, levou um 4 a 0 do rival, que junto ao Torre Sport Club, terminou na vice colocação, ambos com 18 pontos.

1941: Nos dois turnos, o clube Sportista foi campeão, o que fez não precisar de final. O Sport foi extremamente superior ao América, vencendo os jogos por 3 a 1 e 5 a 2. O clube da Estrada do Arraial finalizava a competição como vice.

1948: Na única final de estadual entre os clubes, o Sport se deu melhor. Vitórias por 3 a 0 e 2 a 0, após cada clube conquistar um turno. Outros jogos: 1° turno (América 3 x 2 Sport e Sport 3 x 1 América) e 2° turno (Sport 1 x 0 América e Sport 1 x 0 América).

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