domingo, 13 de março de 2022

A Taça das Bolinhas, seus campeões e um desfecho final

O Campeonato Brasileiro já passou por diversas trocas de nomes e troféus, além de muita confusão e bagunça. Oficialmente em disputa desde 1971, o torneio possui símbolos atemporais e um dos maiores é o Troféu Copa Brasil, criado em 1975, sendo oferecido pela Caixa Econômica Federal para o campeão levantar e fazer a festa na volta olímpica e logo depois devolver ao Banco, que junto a CBF enviava uma réplica miniatura ao campeão.

Rogério Ceni, Juvenal Juvêncio e Zetti com a Taça das Bolinhas. Foto: Gazeta Press

O troféu mais longevo, épico e polêmico da história foi disputado entre 1975 e 1992, passando pelas mãos de 11 campeões brasileiros por 18 edições. No regulamento oficial, a Taça das Bolinhas era entregue definitivamente pro clube que ou conquistasse o troféu por 3 vezes consecutivas, ou 5 vezes alternadas. Nenhum clube foi campeão brasileiro nesses moldes entre 1975 e 1992. O Flamengo, campeão em 1980, 1982, 1983 e 1992, se considera campeão brasileiro de 1987 por alegar que uma das chaves da 1ª fase daquela edição era o próprio Brasileirão em si, assim o clube considerando 5 conquistas alternadas, o que lhe daria o direito pela posse do troféu. Porém, o Brasileirão reunia duas chaves e os campeões e vices de cada chave realizaria um quadrangular e o líder entre os 4 clubes seria o campeão. O Sport Recife venceu Flamengo, Internacional e Guarani, conquistando o Campeonato Brasileiro daquele ano, inclusive o fato em campo tendo que passar por diversos processos jurídicos e que em todos, nas diversas instâncias e esferas, sendo respeitado de forma legal e justa o regulamento e o futebol jogado entre 11 de de setembro de 1987 e 07 de fevereiro de 1988. O clube pernambucano venceu em campo e nos tribunais, tendo em 2018 o fim do delírio flamenguista, que após expor o STF ao ridículo, perdeu em última instância, sem poder mais recorrer.

Logo após o 4º título flamenguista em 1992, a CBF retirou a Taça das Bolinhas de disputa logo em 1993. Em 2007, o São Paulo se tornou o 1º clube a conquistar o Campeonato Brasileiro por 5 vezes, além de em 2008 se tornar o 1º tri-campeão do Brasileirão. O tricolor paulista em 2011 recebeu a Taça das Bolinhas, porém o Flamengo conseguiu a liminar que anula a posse do São Paulo, pois o regulamento frisa que a posse é via 5 conquistas alternadas ou 3 consecutivas do "Troféu Copa Brasil" e não pelo Campeonato Brasileiro como um todo. Pra aumentar a confusão, em 2010 a própria CBF unificou os títulos da Taça Brasil e Robertão entre 1959 e 1970. Entre 1961 e 1965, o Santos conquistou todas edições, sendo penta-campeão. Muitos santistas e jornalistas alegam que se os Campeonatos Brasileiros que não tiveram o Troféu Copa Brasil em disputa após 1992 valer nessa questão, as edições antes de 1975 e a partir de 1959 também sejam consideradas.

Na verdade, é um processo simples: se o regulamento aponta as duas condições sem margem pra interpretação, o troféu não tem dono. Mas o que fazer pra a Taça das Bolinhas ter um clube como dono? Voltar a ser disputada no Brasileirão? Alguns apontam um torneio entre os 11 campeões pra decidir, mas regulamento tem que ser respeitado e os critérios são claros. Outro ponto é que não necessariamente a Taça das Bolinhas precisa ter um clube como dono. A Caixa pode ser a dona e simplesmente nunca mais pôr o troféu em disputa, o que seria uma decisão válida. E você, o que acha que a Caixa junto com a CBF deveria fazer? Só não vale ter 'opinião' marginal pra apontar terceiro colocado de um torneio como campeão, ainda mais quando o futebol em campo e múltiplas esferas e instâncias apontam pro que 2 traves, 22 atletas e um gramado provou desde 07 de fevereiro de 1988.

Todos os campeões que levantaram o Troféu Copa Brasil (Taça das Bolinhas):

1975 | Internacional (vice: Cruzeiro), (artilheiro: Flávio, Internacional, 16 gols)
1976 | Internacional (vice: Corinthians), (artilheiro: Dadá Maravilha, Internacional, 16 gols)
1977 | São Paulo (vice: Atlético-MG), (artilheiro: Reinaldo, Atlético-MG, 28 gols)
1978 | Guarani (vice: Palmeiras), (artilheiro: Paulinho, Vasco, 19 gols)
1979 | Internacional (vice: Vasco), (artilheiro: César, América-RJ, 13 gols)
1980 | Flamengo (vice: Atlético-MG), (artilheiro: Zico, Flamengo, 21 gols)
1981 | Grêmio (vice: São Paulo), (artilheiro: Nunes, Flamengo, 16 gols)
1982 | Flamengo (vice: Grêmio), (artilheiro: Zico, Flamengo, 21 gols)
1983 | Flamengo (vice: Santos), (artilheiro: Serginho Chulapa, Santos, 22 gols)
1984 | Fluminense (vice: Vasco), (artilheiro: Roberto Dinamite, Vasco, 16 gols)
1985 | Coritiba (vice: Bangu), (artilheiro: Edmar, Guarani, 20 gols)
1986 | São Paulo (vice: Guarani), (artilheiro: Careca, São Paulo, 25 gols)
1987 | Sport (vice: Guarani), (artilheiro: Müller, São Paulo, 10 gols)
1988 | Bahia (vice: Internacional), (artilheiro: Nilson, Internacional, 15 gols)
1989 | Vasco (vice: São Paulo), (artilheiro: Túlio Maravilha, Goiás, 11 gols)
1990 | Corinthians (vice: São Paulo), (artilheiro: Charles, Bahia, 11 gols)
1991 | São Paulo (vice: Bragantino), (artilheiro: Paulinho McLaren, Santos, 15 gols)
1992 | Flamengo (vice: Botafogo), (artilheiro: Bebeto, Vasco, 18 gols)

Em ordem cronológica, os clubes que levantaram a Taça das Bolinhas:

1º) Internacional, 1975
2º) São Paulo, 1977
3º) Guarani, 1978
4º) Flamengo, 1980
5º) Grêmio, 1981
6º) Fluminense, 1984
7º) Coritiba, 1985
8º) Sport, 1987
9º) Bahia, 1988
10º) Vasco, 1989
11º) Corinthians, 1990

Os clubes que mais ergueram a Taça das Bolinhas: 

1º) Flamengo (4)
2º) Internacional e São Paulo (3)
4º) Guarani, Grêmio, Fluminense, Coritiba, Sport, Bahia, Vasco e Corinthians (1)

Conquistas por cidade:

1º) Rio de Janeiro-RJ (6 vezes)
2º) Porto Alegre-RS e São Paulo-SP (4 vezes)
4º) Campinas-SP, Curitiba-PR, Recife-PE e Salvador-BA (1 vez)

Conquistas por estado:

1º) Rio de Janeiro (6 vezes)
2º) São Paulo (5 vezes)
3º) Rio Grande do Sul (4 vezes)
4º) Paraná, Pernambuco e Bahia (1 vez)

Conquistas por região:

1º) Sudeste (11 vezes)
2º) Sul (5 vezes)
3º) Nordeste (2 vezes)

Raros em toda história, o nordeste conseguiu dois títulos brasileiros de forma consecutiva.

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