sábado, 7 de julho de 2018

Mais que uma derrota, um retrato continental

A Seleção Brasileira começou a Copa do Mundo 2018 com um time de estrelas e um elenco com boas opções, foi ganhando o respeito ao decorrer da competição, consequentemente o favoritismo e pressão jogada dos adversários, assim gerando ainda mais o sonho e até a certeza do hexacampeonato na Rússia. Todos esses cenários por um trabalho de bons zagueiros, ótima cabeça de área e veloz ataque, porém, o goleiro de técnica normal e fracos laterais se esconderam em suas apresentações nos clubes e nas estrelas que enfeitam os logos e suas camisas.

A derrota para a Bélgica foi o terceiro e conclusivo capítulo do vexame sul-americano em 2018, que vem se estendendo há anos, com nossas principais seleções, quais são influentes, gigantes e extremamente vencedoras pra história, mas que hoje, não passa de bons times com craques que ou não reproduz a coletividade, ou quando veste seus uniformes nacionais não extraem seu melhor como nos times que atuam.

Marcelo, um pilar da merecida ridicularização 'geração 7x1', assiste De Bruyne, seu oposto, craque no time e seleção fazer o gol.
Foto: Reprodução/A Bola

Vivemos uma época em que a Europa no seu nível mediano é superior ao nível máximo sul-americano. Na política dos clubes, nos projetos e execuções de regras e formatos de competições da Conmebol, nas confederações nacionais sul-americanas, nos trabalhos de base e em qualquer outro cenário que seja da categoria futebolística, a UEFA e seus países vem massacrando a América do Sul, que tem a CBF como principal confederação e que a qual vive problemas impossíveis de listar e a AFA, dona de duas Copas, com parceiros clubísticos importantíssimos, mas que atualmente tem um trabalho que chamo de 'zona', além da AUF, um 'zumbi' do futebol.

Croácia, Sérvia, Bélgica, Suécia e Islândia, exemplos de seleções sem metade das tradições de Brasil e Argentina em Copas e que hoje são exemplos de projeto, de trabalho, de auto-conhecimento no futebol. Times que não tem elencos milionários como nós, que queriam ver em seus times titulares, os nossos reservas, mas que asseguram o seu limite e potencial técnico, físico, tático e/ou psicológico. Escolas que vem tendo parceria dos clubes e como uma verdadeira pátria futebolística, tem um fechamento em prol do seu esporte e que trabalham em cima de seus limites, querendo de alguma forma chegar mais longe do que se imagina.

Camisa não ganha jogo. Isso é folclore e sinceramente, uma estupidez, não da frase tão aclamada pelo povo, mas pelo seu significado. Quer mais clareza na minha opinião? Então assista este vídeo. A zona de conforto dos sul-americanos junto com a incompetência e a falta de saber como se faz futebol está eliminando os clubes e suas seleções do estrelato mundial e por muito merecimento. Lhe pergunto, em algum momento vemos um projeto das confederações tipo assim: Saber o que deseja, o que pode, o que deve fazer e o que não pode ocorrer. Conhecer nossos clubes, criar uma identidade tática, com planos B, C... trabalhar a mentalidade humana em prol do desenvolvimento esportivo, buscar o auto-conhecimento de seu potencial e chegar a uma conclusão do modelo ideal de uma seleção que se combine e que tenha os melhores ao mesmo tempo. É... acho que isso parece mais a Europa, não é?

Esse trabalho que muitas vezes é o básico, está sendo feito em toda Europa e as medias seleções vem ganhando frutos da fidelidade e competência e tomando espaços de penta e bi-campeãs sul-americanas que são grupos perdidos e que querem resolver um trabalho de 4, 8, 12 anos em 7 parcelas de 90 minutos. É uma vergonha. A América do Sul está vivendo seu pior momento. Uruguai com seus craques, Brasil com seu esquadrão poderoso e Argentina de um gênio chamado Lionel Messi não sabem o que fazer com a bola quando 'qualquer' seleção europeia conclui um poder tático.

Outro cenário é nos clubes. Peñarol, São Paulo, Corinthians, Flamengo, Boca Juniors, River Plate, Independiente e outros gigantes do futebol sul-americano, de tantos títulos, construção para o futebol, poder de marca, não possuem um trabalho de base, político e administrativo como tantos médios clubes europeus. Schalke 04, Athletic Bilbao, Sporting, Torino e outros médios dariam trabalho as principais marcas sul-americanas em 90 minutos. Alguns europeus não tem mais tesão em Mundial de Clubes e isso é pela pré-vitória já contada. River Plate, Santos, Atlético Nacional, Internacional e Grêmio recentemente fizeram partidas na competição onde pediram pra não levar mais gols, nem sequer chegaram a final, ou até chegaram e deram a vida e emocionalmente não estavam prontos para ver estrelas do outro lado. Exceção do Corinthians, que com todo mérito venceu, mas contanto com uma desorganização do Chelsea para disputar o torneio.

A derrota do Brasil diante da Bélgica só demostra ainda mais esse contexto. O time de Tite tentou, tentou, mas não conseguiu fazer contra um time aplicado taticamente, o que é acostumado a fazer com essas seleções de várzea das Eliminatórias locais. Disputamos uma fase de grupos preocupado com o poder tático e estatura de Suíça e Sérvia, quando a anos atrás, pelo menos na Seleção aquela expressão 'raiz' e a competitividade era presente, entravam em campo pensando de quanto se ganharia.

O futebol mudou, está cada vez mais coletivo e tático, não tem mais espaço apenas para a 'boleiragem', inclusive, o maior 'boleiro' do Brasil, é um personagem, pois sim, ele estuda e conhece futebol, mas se aperfeiçoa e por isso tem protagonismo na atualidade e o considero um baita profissional, falo de Renato. Qual identidade o Brasil tem hoje? Qual a principal característica positiva do time do Brasil, dos clubes do Brasil, da Argentina, do Uruguai? Estão brincando de fazer futebol e se escondendo em 1930, 1950, 1958, 1970, 1986 e fazendo que suas incríveis torcidas não tenham uma seleção a altura para torcer. Seus clubes entram de maneira tecnicamente aleatórias em competições fora da América do Sul.

A verdade é que a frase "O Brasil nunca mais vai ganhar uma Copa", deve ser corrigida para "Se não houver mudança bruta e fiel, os Sul-Americanos vão sempre chegando na Copa com aperreios até na fase de grupos". O 7x1 não foi roubado, foi merecido, foi natural e pouco, sim, dói dizer isso, mas é veracidade. A Argentina chega na Copa com prazo de validade, nossos prodígios se perdem e os clubes parece serem de outro esporte. Europa e América do Sul, dois continentes, dois conceitos distintos de futebol.

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