domingo, 12 de maio de 2019

Há 10 anos, a maior frustração da história do Sport Club do Recife

Terça feira, 12 de maio de 2009. Ilha do Retiro, Recife, Pernambuco. Libertadores da América. Oitavas de finais. Um dos mais rivalizados confrontos entre dois clubes, que na década foram extremos rivais, seja na Série A e B, Copa do Brasil, Copa dos Campeões e chegando em nível internacional. Era véspera do aniversário do Sport, que contra o Palmeiras de Luxemburgo jogava a partida de volta para decidir quem passava de fase na principal competição de clubes do continente e maior obsessão que qualquer torcedor leonino já pôde sentir.

Paulo Baier e Cito pararam em Marcos. Foto: reprodução

Atual campeão da Copa do Brasil, o time comandado por Nelsinho Baptista e liderado por ídolos como Magrão, Igor, Durval, Daniel Paulista, Sandro Goiano, Fumagalli, Dutra e Ciro, conseguiu o feito de pela primeira vez passar da fase de grupos e tentava ir adiante e ficar entre os 8 melhores times da América, repetindo um feito para o nordeste após exatos 20 anos, quando o Bahia caiu nas quartas de finais na edição de 1989.

Daniel Paulista disputa com Diego Souza. Foto: reprodução
O Sport era forte na Ilha, tinha vencido o Colo Colo/CHI e a atual campeão da competição, a LDU, do Equador, que meses antes havia sido vice do Mundial de Clubes, perdendo a final para o Manchester United de Cristiano Ronaldo, van der Sar, Ferdinand, Tévez, Rooney e companhia por 1 a 0. Ainda na fase de grupos, contra o mesmo Palmeiras, perdeu por 2 a 0, com direito a golaço de quem viria a ser ídolo posteriormente, Diego Souza.

O Leão vivia sua melhor fase de potencial e projeção de crescimento. Foi campeão do Brasil na era moderna, era o atual tetracampeão estadual, o Brasil por completo já temia e via no Sport um fruto de incômodo e progresso estrutural, popular e consequentemente técnico. Esse era o retrato da equipe que estava na Libertadores e numa Ilha repleta de torcedores, lutava pela vaga nas quartas, mas para isso, precisava reverter o 1 a 0 da ida. Conseguiu igualar após uma jogada de velocidade, visão, técnica e eficiência de Luciano Henrique, que cruzou e Wilson escorou pra dentro. Aquele que deveria ser o segundo ou até terceiro gol leonino, que viu em Paulo Baier o pilar da eliminação por chances perdidas, paradas no goleiro Marcos, pentacampeão do mundo pela seleção e que para muitos, fez ali sua melhor partida da carreira. Após o gol, Ciro quase marcava numa finalização forte onde Marcos e a trave foram suficientes para gerar o escanteio, que o leão cabeceou e a bola bate no chão e sobe. A partida foi de um grau máximo em relação a emoção, nervosismo, explosão, angústia, medo, felicidade e esperança, porém infelizmente para um triste fim rubro negro, também de frustração.

Nos pênaltis, aquele ato normal viria a acontecer: "Magrão pegar". O goleiro rubro negro começou evitando no chute de Mozart, mas não parou Marcão, Danilo e Armero e viu Luciano Henrique, Fumagalli e Dutra pararem em Marcos e errarem as cobranças, fazendo que o gol de Igor não fosse suficiente. Era uma confusão de sentimentos, pois após o gol de Wilson, houve expulsão do palmeirense Wendel e a pressão leonina, além de chegar nos pênaltis com mais poder de reação e por ser na Ilha, o pulso era maior, mas nas cobranças, o resultado gerou uma dor que dói até os dias atuais.

O festival de 'se' é enorme. Se o Sport tivesse passado do Palmeiras, até onde iria aquele time? Cada vitória era mais casca e assim como no ano anterior, o torcedor abraçava e jogava ainda mais junto. Eliminar o alviverde pela segunda vez consecutiva, na mesma fase, tendo no horizonte o Nacional/URU, tricampeão da Libertadores e Mundial, que vivia uma das melhores fases técnicas dos últimos anos, mas que ao analisar os jogos contra o Palmeiras, era nítido que contra um Sport organizado, impulsionado e dominante, não iria resistir. Quer ter dimensão disto? Após a eliminação para o Nacional, o goleiro Marcos revelou em entrevista que se fosse para sua equipe atuar da forma que atuou contra os uruguaios, "seria melhor o Sport ter passado (contra o Palmeiras)". Essa confusão de 'se', na minha visão colocaria o Sport nas semifinais para encarar o Estudiantes/ARG, que foi o campeão daquela edição, contra o Cruzeiro, no Mineirão.

Se aquela bola de Ciro entra? Se aquelas finalizações de Paulo Baier fossem gols? Onde o Sport chegaria? Como o Sport estaria agora? O sucesso internacional poderia influenciar para a não queda para a Série B de 2010? Se a política do clube fosse mais organizada e o time tivesse mais poder e planejamento nas contratações para melhoras setores como laterais e ataque, como seria aquela temporada na competição e como um todo em si?

Eu considero essa a maior frustração da história de um clube que numa só temporada perdeu dois aspectos que influenciariam a sua vida: 1: a partida, o que viria a abrir margem no torneio e 2: o potencial da década 2000, que só viria a voltar entre 2014 e 2015, com estruturação, finanças e poder técnico, mas como de costume, voltou a ficar no passado, já que hoje, em 2019, o clube voltou a ser o tamanho de antes, sem o mesmo potencial.

Times da partida:

Sport: Magrão; Igor, César e Durval; Paulo Baier (Fumagalli), Daniel Paulista (Sandro Goiano), Andrade (Moacir), Luciano Henrique e Dutra; Ciro e Wilson
Técnico: Nelsinho Baptista

Palmeiras: Marcos; Maurício Ramos, Danilo e Marcão; Wendel, Pierre, Souza (Mozart), Cleiton Xavier, Diego Souza (Willians) e Pablo Armero; Keirrison (Ortigoza)
Técnico: Vanderlei Luxemburgo

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